Di Grassi mostra porquê é um dos melhores do mundo e vence em Curitiba

Fazendo valer o status de ser um dos melhores pilotos do mundo, o campeão da Fórmula-E Lucas Di Grassi conquistou com autoridade a sua primeira vitória na categoria, mostrando que chegou para falar sério na Stock. Cacá Bueno heroico, com direito a segurar porta que se abriu no meio da corrida e falha de motor, chegou em segundo, e o paranaense Gabriel Casagrande, que teve uma tarde iluminada pela sua própria competência, fechou o pódio.

Lucas afirma que se divertiu muito ao guiar, mas ressaltou a importância de trabalhar duro. “Os carros são muito competitivos, eu me diverti bastante, mas suei bastante também para conseguir afinar o carro para ele ser competitivo. É minha segunda corrida na categoria e já conquistei vitória, isso é resultado de muito trabalho”, afirma.

Foto por Duda Bairros / Stock Car – Lucas em primeiro, Cacá em segundo e o paranaense Gabriel Casagrande em 3º

Assim sendo, vamos ver como foi construída essa vitória:

Sem choro e nem vela, muito menos tempo para digerir o que aconteceu na primeira bateria, o grid para a segunda bateria já estava formado para dar início a última corrida da categoria principal da Stock Car.

Conforme reza o regulamento da categoria, em casos de etapas que contam com rodada dupla como essa de Curitiba, o grid de largada da segunda corrida se inverte entre os dez primeiros da primeira corrida. Ou seja, quem chegou em 10º na primeira bateria, vira pole position na segunda, o 9º vira 2º, e assim por diante. Os demais largam nas posições de chegada da primeira bateria.

Seguindo esse critério e tendo como base o que aconteceu na primeira bateria, o grid de largada para a segunda parte era: Daniel Suzuki na pole, seguido por Marcos Gomes, Cesar Ramos, Cacá Bueno, Lucas Di Grassi, Gabriel Casagrande, Julio Campos, Max Wilson, Daniel Serra, e na 10ª posição o vencedor da bateria anterior, Felipe Fraga.

Antes da largada, foram revelados quem seriam os seis ganhadores do Hero Push. Durante toda a semana que precede a corrida, até momentos antes da largada, os internautas e fãs podem votar no seu piloto predileto, para que ele ganhe um botão de ultrapassagem a mais do que os outros, e isso numa corrida que é decidida nos detalhes pode ser vital. Os seis mais votados dentre os 33 pilotos do grid ganham essa benesse, e no caso de Curitiba os ganhadores foram: Cacá Bueno, Cesar Ramos, Felipe Fraga, Marcos Gomes, Thiago Camilo e o paranaense Ricardo Zonta, mostrando a força local na votação.

Foto por Duda Bairros / Stock Car – Vencedores do Hero Push, prêmio entregue pelo técnico Cuca, convidado de honra.

Isto posto, é hora de sentar a bota para mais 40 minutos de corrida.

Cesar Ramos, que tinha visivelmente um dos carros mais fortes do fim de semana, e mostrou isso nos treinos sendo um dos únicos pilotos que conseguiu baixar o tempo para menos de 1m17s, larga monstruosamente bem e engoliu, antes do fim da reta, o pole Daniel Suzuki e Marcos Gomes.

Pena que Ramos não teve nem tempo de comemorar, pois Gomes retrucou a investida e recuperou a primeira posição novamente. Ao fim do primeiro giro, Gomes lidera, seguido por Cesar Ramos, Lucas Di Grassi em 3º e Casagrande em 4º.

Foto por Duda Bairros / Stock Car – Cesar Ramos arma o bote para cima de Gomes, mas toma o troco logo em seguida.

Bruno Batista, momentos depois, roda e vê o mundo ao contrário no S de baixa. Ficou de frente para 25 carros e deve ter rezado muito para que ninguém o acertasse, reza essa que deu certo e não precisou nem da bandeira amarela.

Felipe Fraga chega ao pelotão da frente e começa a incomodar Cesar Ramos, e essa era uma briga que todos queriam ver, afinal os dois tinham os carros mais rápidos do fim de semana. Uma disputa limpa, de cavalheiros, com direito a fritada de pneus nas defesas de curva. Um show a parte para quem se encontrava nas arquibancadas ao fim da reta. No final da peleja, Fraga consegue passar Ramos.

Em dado momento da prova, faltando mais de 30 minutos para o fim, houve quatro abandonos que mudaram a história da corrida. O primeiro foi Ricardo Maurício, que ficou lento na pista. Depois foi Bia Figueiredo, que confirmou o azar do fim de semana todo e foi completamente vítima de um acidente ocorrido atrás dela, entre Guga Lima e Lucas Foresti, este último que foi penalizado por conduta antidesportiva, inclusive. O terceiro foi Marcos Gomes, que era sério candidato a ganhar a corrida, também apresentou problemas mecânicos e abandonou.

Por último, Felipe Fraga, o vencedor da primeira corrida, que atacou demais a zebra no S de baixa ao fim da reta, quebrou o eixo traseiro esquerdo, e somando o calor dos fluídos de freio com a grama trazida por ele, no passeio por fora da pista após a quebra, o seu carro começa a pegar fogo.

Foto por Duda Bairros / Stock Car – Carro do Felipe Fraga tá pegando fogo bicho! Mudou a história da corrida.

Com o fogo de Fraga, e outros três carros parados em lugares perigosos da pista, era inevitável a entrada do carro de segurança. Isso possibilitou o resguardo do equipamento por parte dos pilotos, e também o recalculo dos engenheiros sobre a quantidade de combustível a ser colocado na parada.

Faltando 22 minutos para o fim, o carro de segurança sai de cena e o pau volta a comer, e é aí que começa a brilhar a estrela do pato branquense Gabriel Casagrande. Numa largada genial, ele pula para 3ª colocação e começa a atacar o líder Cesar Ramos e Lucas Di Grassi.

Foto por Duda Bairros / Stock Car – Relargada genial de Casagrande, no nº83, que foi a caça de Di Grassi e Cesar Ramos logo a frente.

Tanta coisa já aconteceu que é fácil se perder, mas não se perca! Exatamente na metade da corrida, faltando 20 minutos para o final, os 10 primeiros são esses: Cesar Ramos na liderança, seguido por Di Grassi, Casagrande, Suzuki, Cacá, Denis Navarro, Allan Khodair, Serrinha, Barrichello e Zonta.

E como esperado, abre-se a janela de paradas. E foi bem aqui que o resultado da corrida se construiu.

O primeiro a entrar foi o líder Cesar Ramos. Com essa entrada, Casagrande e Di Grassi entram na disputa pela liderança por duas voltas.

Cesar Ramos, o atual favorito para a vitória, apresenta problemas no carro e abandona na sua volta a pista, deixando o caminho livre para Di Grassi construir uma distância de Casagrande, usando todos os botões de ultrapassagem que tinha em suas mãos, inclusive o adicional que ele havia ganhando antes da corrida.

Foto por Duda Bairros / Stock Car – Cesar Ramos voltando a pé para casa, após ver a chance da vitória escapar por entre os dedos.

Casagrande para nos boxes, Di Grassi faz uma volta voadora, torcendo para que no momento do retorno do piloto paranaense à pista ele conseguisse estar a frente, e foi exatamente isso o que aconteceu. Cacá Bueno apostou na mesma estratégia que Di Grassi e estava em 3º, veio embalado e conseguiu ficar a frente de Casagrande no fim da reta, enquanto o paranaense retomava o ritmo de corrida, tomando dele a 2ª colocação atrás de Di Grassi.

O carro de Cesar Ramos ficou parado em posição perigosa na pista, e forçou a última entrada do carro de segurança. Todo o pelotão se aglutinou e essa, talvez, seria a última chance de tentar escalar mais posições. Faltando 9 minutos para o fim, o carro de segurança sai e as batalhas mais emocionantes da corrida acontecem.

Na frente, Di Grassi, que tinha o conjunto de pneus mais frescos, mas com menos botões de ultrapassagens, fez o que pôde para manter uma gordura de, no mínimo, meio segundo de diferença para Cacá Bueno.

Cacá, além de lutar contra a maré a corrida toda, também teve que lutar contra o seu carro. “No começo da corrida, após uma batida, a porta esquerda se abriu. Eu passei umas 5 voltas com uma mão no volante e outra segurando a porta. Depois de tudo isso, 3 dos meus 8 cilindros do motor baixaram muito de rendimento, e o Casagrande estava vindo com tudo”, comentou o pentacampeão e segundo colocado.

Foto por Duda Bairros / Stock Car – Pitstop perfeito, pódio garantido para o paranaense Gabriel Casagrande, em atuação de gala.

Esse relato do Cacá resume muito bem como foi a vida dele nos minutos finais. Ele não podia deixar o Di Grassi distanciar muito, ao mesmo tempo em que via pelo retrovisor o paranaense Gabriel Casagrande numa tarde de gala, estava em 3º e com muita fome, tirando tudo do carro para tentar roubar a 2ª posição. “Os pneus estavam acabando, o set de pneus dessa segunda corrida não era muito bom, se comparada ao set da primeira. Foi uma corrida bem pesada no início, mas a briga era mais comigo mesmo. Conseguir esse resultado aqui foi muito legal. Moro aqui faz 5 anos, e foi gostoso ter um bom resultado na presença da família”, disse Casagrande.

Mais atrás, o pelotão intermediário pegava fogo. Mostrando que fez as pazes com os seus coelhos dentro da cartola, Barrichello escalou todo o grid e já estava em 5º, caçando de perto Antônio Pizzonia, que vinha logo a frente na 4ª.

Na batalha pela 9ª, Serrinha, Zonta, Thiago Camilo, Tuka Rocha, Denis Navarro, Felipe Lapenna e Fábio Carbone formaram praticamente um trem de 7 vagões, com margem mínima de diferença, e de erros também. Todos muito precisos nas linhas de condução.

Di Grassi foi administrando, Cacá foi se segurando e Casagrande só teve o trabalho de trazer a criança para casa. Barrichello conseguiu passar Pizzonia e ambos fecharam o grupo dos 5 melhores da corrida, fora o show a parte.

O próximo espetáculo está marcado para daqui 15 dias, no Velopark, no Rio Grande do Sul.

Confira o resultado final da última bateria da 2ª etapa da Stock Car em Curitiba:

1 11 LUCAS DI GRASSI SP HERO 41:30.922 28 voltas
2 0 CACÁ BUENO RJ CIMED +0.661
3 83 GABRIEL CASAGRANDE PR VOGEL +1.886
4 111 RUBENS BARRICHELLO SP FULL TIME +5.777
5 1 ANTONIO PIZZONIA AM PRATI DONADUZZI +6.909
6 8 RAFAEL SUZUKI SP HOT CAR/BARDAHL +7.536
7 46 VITOR GENZ RS CARLOS ALVES/EISENBAHN +8.353
8 10 RICARDO ZONTA PR SHELL RACING +8.856
9 21 THIAGO CAMILO SP A.MATTHEIS +9.470
10 29 DANIEL SERRA SP RC/EUROFARMA -10.538
11 25 TUKA ROCHA SP VOGEL +11.091
12 110 FELIPE LAPENNA SP CAVALEIRO +11.535
13 45 FABIO CARBONE SP SCUDERIA COLÓN +14.137
14 44 BRUNO BAPTISTA SP HERO +14.676
15 5 DENIS NAVARRO SP CAVALEIRO +15.936
16 70 DIEGO NUNES SP FULL TIME +40.154
17 65 MAX WILSON SP RC/EUROFARMA +40.189
18 33 NELSINHO PIQUET DF FULL TIME +44.189
19 28 GALID OSMAN SP CAVALEIRO +46.607
20 18 ALLAM KHODAIR SP BLAU +2 voltas
21 30 CÉSAR RAMOS RS BLAU +12 voltas
22 9 GUGA LIMA PR SQUADRA G-FORCE +14 voltas
23 40 FELIPE FRAGA PA CIMED +21 voltas
24 80 MARCOS GOMES SP CIMED +23 voltas
25 3 BIA FIGUEIREDO SP A.MATTHEIS +23 voltas
26 61 FERNANDO CROCE SP SCUDERIA COLÓN +23 voltas
27 4 JÚLIO CAMPOS PR PRATI DONADUZZI +24 voltas
28 90 RICARDO MAURÍCIO SP FULL TIME +25 voltas
29 77 VALDENO BRITO PB CARLOS ALVES/EISENBAHN NL
30 117 GUILHERME SALAS SP HOT CAR/BARDAHL NL
31 51 ÁTILA ABREU SP SHELL RACING NL
32 73 SÉRGIO JIMENEZ SP SQUADRA G-FORCE NL
33 12 LUCAS FORESTI DF CIMED excluído

 

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