A cantora e compositora Laura Petit se suja de amores frustrados no clipe para sua nova música, “Bonito”. Cantando a idealização de um desejo, ela constrói uma sonoridade crescente que culmina em guitarras intensas, ao mesmo tempo que desconstrói expectativas e dá adeus: “resta apenas história/pra eu me contar”. O single ganha também um clipe, onde a artista transforma a aceitação do fim em dança.
A faixa se une a “Namorado”, “Bandalheiras”, “Vulgar” e “Quadril é osso”, canções que antecipam o segundo disco de estúdio de Laura Petit. Em comum, elas trazem uma visão agridoce dos afetos modernos – seja o amor por si, por um outro alguém ou por um lugar. Após chamar atenção com os EPs “Onde o Vento Faz a Curva” e “Manacá Dente Saudade” e o primeiro disco, “Monstera Deliciosa”, Petit abre mão da elegance avec decadence que marcou seu trabalho anterior para embarcar em uma jornada de autodescoberta. As letras entregam uma sinceridade desinibida, uma candura desconcertante e uma ironia cortante, embaladas por uma instrumentação tão atual quanto nostálgica.
“Bonito” traz essa dualidade no seu DNA. Ao mesmo tempo que celebra a beleza do amado, a letra carrega em si a realização de que isso não é suficiente. Desejo dá lugar a frustração, fins levam a novos começos.
“Essa é uma história de deslumbre. Acontece que a expectativa alimentada costuma ser diretamente proporcional à dor do tombo, de modo que ‘Bonito’ é também uma história de frustração. Descobrir por quem nos apaixonamos pode ser doloroso e reconhecer que a gente não conhecia de fato aquela pessoa é um processo demorado. Apesar de ser uma canção um tanto azeda, é também carinhosa. A lembrança nostálgica traz doçura à memória dura”, reflete Laura Petit.
Se unindo mais uma vez à produtora Pomar, ela transforma essa ideia em dança e arte. O clipe deixa de lado a narrativa para construir sensações. Com “Bonito”, Petit abre caminho para seu novo disco, que tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2019.
Ficha técnica:
Produção, guitarra, violão, baixo, samples, programação, teclas: Eduardo Rozeira
Bateria: Guigo Berger
Mixagem e masterização: Guigo Berger
Videoclipe: Produtora Pomar (Sarah Abdala e Tai Fonseca)
Letra
Era bonito
Mas era bonito demais
Mas era só bonito mesmo
Seu nariz equilibrista
das castanhas lentes
Seu tamanho demorado
no horizonte seu umbigo
Quando os dedos transeuntes
atravessam a memória
Resta apenas história
pra eu me contar
Era bonito
Mas era bonito demais
Mas era só bonito mesmo
O destino coincidente
misancenes sinceras
Qualquer coisa que provoque
o encontro acidental
Dentro da mesma mordida
moram outras prosódias
Pois é justo nessa boca
que eu quero morar
Seu nariz equilibrista
das castanhas lentes
Seu tamanho demorado
no horizonte seu umbigo
Quando os dedos transeuntes
atravessam a memória
Resta apenas história
pra eu me contar
Era bonito
Mas era bonito demais
Mas era só bonito mesmo