O Teatro Guaíra ficou pequeno para acomodar o grande público que compareceu à abertura da 37ª Oficina de Música de Curitiba, na noite desta quarta-feira (15/1). Com plateia e balcões lotados, o concerto marcou o início dos 108 cursos e oficinas, além dos 250 eventos e apresentações musicais que transformam Curitiba, até o dia 26 de janeiro, na capital da música no país.
Promovida pela Prefeitura de Curitiba, por meio da Fundação Cultural de Curitiba e do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, a Oficina de Música de Curitiba chega ao 37º ano como a maior edição já realizada nos últimos anos.
Neste ano, a Oficina mostra a intenção de reunir todas as vertentes musicais, o que ficou evidente já neste primeiro concerto, que teve o clássico Beethoven, o popular Yamandu Costa e, ainda, a música de raiz nordestina criada pelo movimento armorial.
“Estou entregando Curitiba para Beethoven, que vai reger a cidade pelos próximos dez dias”, disse Greca, referindo-se à homenagem que o evento faz aos 250 anos do nascimento do compositor erudito alemão. “Ele criou a maior parte da sua obra depois de ter começado a perder a audição”, disse o prefeito Rafael Greca.
O prefeito lembrou que esta edição da Oficina está reunindo 2,2 mil alunos, com uma programação de cerca de 1,5 mil músicos e profissionais da área espalhando música pela cidade toda.
“Não se faça de surdo. Venha para a rua e participe deste grande evento”, completou o prefeito, referindo-se à deficiência auditiva que não impediu Beethoven de compor.
Primeiro concerto
O repertório primoroso foi interpretado pela Camerata Antiqua de Curitiba e solistas, com regência do maestro Abel Rocha. “Essa mescla de linguagens, mostrando toda a interlocução entre o erudito e o popular, é a grande característica desta Oficina”, explicou o maestro, convidando o público a sair de casa, assistir aos concertos e sentir a emoção que vem dos palcos. “Aqui vocês terão uma experiência única, que não se encontra no Spotfy, nem no Youtube”, disse.
Exemplo perfeito da união entre esses dois universos musicais, o violonista Yamandu Costa executou o concerto “Fronteiras para Violão de 7 Cordas e Orquestra”. A obra foi composta pelo próprio Yamandu, que encerrou a sua participação na noite sob calorosos aplausos. A peça traz referências de sua terra natal, o Rio Grande do Sul, especialmente as fronteiras entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
O concerto homenageou os 50 anos do movimento armorial, considerado o precursor desta aproximação entre os universos popular e erudito, ao criar uma arte refinada a partir de elementos da cultura nordestina. Um dos fundadores desse movimento é o compositor pernambucano Clóvis Pereira, que teve o seu Concertino para Violino e Orquestra de Cordas executado pela Camerata, com a violinista convidada Priscila Rato.
Inclusão
A 37ª edição da Oficina também homenageia os 250 anos do compositor Ludwig van Beethoven, compositor que ficou surdo na vida adulta. Baseado no exemplo de Beethoven, que mesmo com a surdez não deixou de compor, a Oficina pretende se destacar pela inclusão. De Beethoven, foi apresentada a obra “Fantasia Coral” (para piano, solistas coro e orquestra), com solos de cantores convidados e do pianista Nahim Marun, encerrando com grande estilo a cerimônia de abertura.
Entre as autoridades presentes estavam a presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Ana Cristina de Castro, o presidente do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Marino Galvão Júnior, a secretária municipal da Educação, Maria Sílvia Bacila, o secretário municipal de Esporte, Lazer e Juventude, Emilio Trautwein, e Pascoal Zani, gerente regional da Caixa, que é a patrocinadora desta edição.
“Muito importante esta parceria, pelo aspecto da inclusão, e também porque a Oficina de Música proporciona cidadania, aprendizado e lazer”, destacou Zani. Algumas agências da Caixa Econômica estão na programação e receberão shows da Oficina., “Para nós, isso é maravilhoso. Os clientes da Caixa vão ter belas surpresas”, adiantou.
Quem acompanhou a apresentação, saiu emocionado. “Foi um repertório excepcional. Uma viagem fantástica entre o Nordeste e o Rio Grande do Sul”, comparou o engenheiro aposentado José Carlos Fadel, que foi ao concerto com a família. Ele enfatizou que a Oficina de Música é uma iniciativa que deve permanecer para sempre, não só pela sua importância para Curitiba mas para todo o Brasil.
Atividades
A partir desta quinta-feira (16/1), mais de 2 mil alunos e mais de 100 professores de várias partes do Brasil e de outros países participam dos 108 cursos de formação musical oferecidos pela Oficina de Música de Curitiba. A maior parte das aulas acontecem no campus da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), no Prado Velho.
Além dos cursos, mais de 250 eventos, shows e concertos tomam conta da cidade, em teatros, espaços culturais, bares e parques espalhados pela cidade. Dos 128 concertos e shows dos gêneros erudito e popular, mais da metade são gratuitos. A Oficina de Música também tem programação no Cine Passeio, feira gastronômica com jazz, Oficina Verde, Circuito Off nos bares e várias atrações para as crianças. Confira aqui a programação no www.oficinademusica.org.br
A 37ª Oficina de Música de Curitiba é uma realização da Prefeitura de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, do Instituto Curitiba de Arte e Cultura (Icac), Ministério da Cidadania, da Secretaria Especial da Cultura e governo federal.
O evento tem patrocínio máster da Caixa Econômica Federal, apoio cultural da Família Farinha, Comunidade Luterana Igreja de Cristo, Igreja Bom Jesus dos Perdões, Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Bicicletaria Cultural, Universidade Federal do Paraná, Lamusa – Laboratório de Música Sonologia e Áudio, Sistema FIEP, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), HOG The One Curitiba, Solar do Rosário e apoio máster do Teatro Guaíra e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).